Apesar da pandemia continuar presente na vida de nós, brasileiros, e também de muitas populações ao redor do globo, a economia tem mostrado em muitas frentes uma recuperação gradual da crise que teve seu ápice no ano passado. A partir de algumas perspectivas, o país (e o mundo) parecem estar se encaminhando para um momento melhor (ou menos pior) nesse âmbito.
Muito disso vem de um crescimento com base num possível novo ciclo de commodities. Ou seja, com os mercados mais aquecidos, a busca por produtos agrícolas ou matérias-primas tenta suprir a demanda de um planeta que precisa desses insumos para se reerguer de uma crise global. Enquanto os países produtores (como o Brasil) veem justo nesse aumento de exportação, uma oportunidade.
Dentro das nossas fronteiras, os números têm se demonstrado positivos a partir de juros baixos, mais crédito, mais emprego, maior número de população produtiva vacinada e uma impressão otimista que se reflete numa maior valorização do mercado financeiro. O próprio PIB do país superou as expectativas no primeiro trimestre do ano, subindo 1,2% em relação ao trimestre anterior e 1% em relação ao mesmo período de 2020.
Tal movimentação fez diversas instituições reajustarem positivamente suas análises e suas previsões de crescimento do PIB. O Banco americano Goldman Sachs, por exemplo, ajustou as expectativas de alta no Produto Interno Bruto brasileiro de 4,6% para 5,5% este ano. A XP Investimentos reajustou para 4,1%. O Banco Central, de 3,6% para 4,6%.
Ainda que não exista uma unanimidade entre as instituições em relação a taxa de crescimento, esse viés de alta em tais relatórios acaba contribuindo para essa impressão geral de otimismo em relação à economia brasileira. Mas é preciso ter certa cautela ainda assim.
Não só porque é bom sempre ter cautela, mas por causa de alguns elementos que estão debaixo do nosso nariz se pararmos para analisar.
O alerta principal é a própria questão sanitária. Com cada vez mais variantes da Covid, a doença se torna mais infecciosa e mais letal.
Em Israel, por exemplo, um dos campeões no número de imunização mas que nas últimas semanas voltou atrás e começou a regular a circulação de pessoas e exigir novamente o uso de máscaras. Ou os EUA, que esperavam chegar a 70% de vacinação no dia 4 de julho. O que não se concretizou por causa da resistência de parte da população.
Além do coronavírus, a escassez de eletricidade e de fornecimento de água tem se provado desafiadora nessa metade do ano. Cuja possibilidade de racionamento e mesmo de alta de preços devido à demanda tem efeito em todos os outros setores da economia.
Pensando em escala global, o arrefecimento da recuperação chinesa é algo que deve ser acompanhado. O gigante asiático cresceu 18,3% no primeiro trimestre do ano e 8% no segundo. O que gerou uma reação do Banco Popular da China, que reduziu as alíquotas de instituições financeiras.
É preciso sempre lembrar frente a quaisquer indicadores que a economia brasileira, assim como a global, não se encontra numa posição de funcionamento normalizado. A recuperação de um evento que atingiu fortemente todos os países do mundo não acontece do dia para a noite.